06/04/08

Poupe-nos !

Depois de uma clausura silenciosa a Ministra da Saúde resolveu explicar a velha/nova política de saúde do Governo.

Ó sr.ª Ministra ! Não se dê ao trabalho. Poupe-se, que nós já percebemos tudo.
O que a sr.ª não percebeu é que a pior doença que existe é a pobreza.

Uma doença por si só, não afecta da mesma maneira e com a mesma intensidade todos aqueles que dela padecem.
Vou-lhe explicar como se tivesse 4 anos, só com um exemplo:

No SNS a única hipótese de atendimento imediato, e de não ser relegado para uma qualquer lista de espera, é recorrer ao Serviço de Urgência.

O que o seu governo fez ? Aumentou as taxas moderadoras para evitar que a populaça recorra à urgência . Fecha urgências e põe o INEM e os doentes a calcorrear estradas, caminhos etc, com os resultados que temos visto.

O que devia fazer : estruturar os cuidados primários , isto é, dito para que entenda, facultar a cada português médico de família com Centros de Saúde equipados devidamente. E o equipamento não é uma secretária, cadeira e sala de espera .

O que faz quem tem dinheiro ? Recorre ao médico privado numa unidade de saúde privada, devidamente equipada clinicamente e não só. Tratado na hora, sem listas de espera, sem delongas... Não se poupam a mimos.
Quem não tem dinheiro... aguenta.

Sabe sr.ª ministra , o governo que faz parte, quer retirar a saúde e a educação do campo dos direitos sociais para colocá-los no campo dos serviços, não exclusivos do estado, definidos pelo mercado ( que ninguém sabe muito bem quem é) mas, sabemos que têm subjacente o lucro e a concentração de riqueza.

Porém, recordo-lhe que saúde não é nem conquista , nem responsabilidade exclusiva do sector da saúde: resulta de um conjunto de factores sociais , económicos , políticos e culturais que se combinam, de forma particular, em cada sociedade.

Para si, neste presente tomado fatalidade, o dar aos pobres um SNS pobre é mera consequência . Mas, a saúde é um bem a ser preservado e pelo qual não há cidadão que não lute ou se envolva por ele . Não nos vai dissuadir por cansaço. Garanto-lhe!

1 comentário:

Isabel Magalhães disse...

Isso mesmo. "Não nos vai dissuadir por cansaço."