31/10/09

O PS e os seus tentáculos!


Vivo num país a beira-mar desencantado. Já vivi fora e curiosamente senti-lhe a falta .


Os meus sentimentos nunca tinham mudado a respeito deste rectângulo esquizofrénico. Mas senti sempre, apesar de tudo, como que um desejo de compreender. Compreender esta brutalidade insane e sonsa que nos envolve. Enormemente, absolutamente. Esta pobreza miserabilista que nos persegue.

Estar fora pareceu-me então um formidável erro. Voltei, num dia de sol em que a luminosidade da cidade mais uma vez me cativou.

Porém, voltei a me reencontrar novamente com tudo aquilo que me levou a ir para fora. Este pequenino Portugal continuava igual a si próprio. Até quando duraria a sua loucura para que parassem esgotados? Meses? Anos? Quanto?

Talvez até à morte de toda a gente, de todos os loucos? Até à do último ?

Existem bastantes maneiras de sermos condenados à morte. Será esta uma delas?

Nem tudo se poderia ter evitado mas, a maior derrota, em tudo, é esquecer, sobretudo aquilo que nos trouxe a " morte", e nunca entender até que ponto pode ir a pulhice humana.

26/10/09

A posse

Discurso proferido pela soberana figura do Primeiro Ministro na tomada de posse, em dia de muita inspiração e acerto.

Senhor Presidente da República;

Senhor Presidente da Presidência da Assembleia da República

Outros senhores Presidentes do protocolo;

Senhores futuros ministros e futuros secretários de Estado;

Amigos do PS e lambe botas institucionais;

Meus senhores e minhas senhoras;

Outros indivíduos em geral

"É meu dever aceitar o cargo para que fui nomeado por sua Excelência, o Chefe do Estado, e pelos indivíduos em geral que, de forma tão consensual, votaram em mim para o presente cargo .

Não pensava voltar a tomar posse novamente no cargo que ora me empossastes porém, como vós sabeis, é cheio de humildade e modéstia que mais uma vez vou tentar conduzir os destinos do país, com o encanto pelo cargo que me conheceis .

Como da outra vez, todos acreditaram, agora posso eu acreditar que eles acreditaram e como tal, acreditamos todos, menos aqueles que não acreditam. Mas nisto de acreditar, acredita quem quer e pode, e há aqueles que não acreditam. É a essência do regime democrático.

As prioridades que estabeleci é tornar este país à beira -mar plantado, uma pátria que conte com os seus filhos na construção do TGV, do Aeroporto e de outras obras públicas e que mobilize este povo, sempre católico unido, na construção até da terceira auto-estrada para o Porto .

Mas nem só de obras públicas vive a Mota & Engil pelo que o caminho da evolução e do progresso é espinhoso e complicado, cheio de obstáculos, mas todos juntos saberemos ultrapassar a oposição que encontraremos pelo caminho para depois, na tranquilidade deste histórico país, podermos calmamente, e com orgulho, inaugurar todas as obras que foram feitas; aquelas que ainda irão ser feitas e até as que ficarão por fazer, essas sim indispensáveis.

Tenho a certeza que nada atrapalhará o português e sei, porque também sou português, e nunca me atrapalhei, e consegui, sem atrapalho, desatrapalhar-me para estar aqui outra vez, para servir desatrapalhadamente Portugal, porque esse é o meu dever.

E é meu dever realçar, sempre e mais uma vez, o valor do diálogo político, económico, social e cultural, para que a Pátria Lusa possa encontrar o seu lugar próprio e pioneiro no caminho do desemprego, da pobreza, da desigualdade. E quem for contra nós é porque está contra nós, e como tal, terá do Governo uma implacável indiferença e autismo .

Termino respondendo à pergunta do Manuel Alegre do PS, em forma de poema "Levam sonhos deixam mágoas/ai rios do meu país/minha pátria à flor das águas/para onde vais? Ninguém diz." e perante vós solenemente afianço que, se estávamos à beira do abismo, pois agora daremos um passo em frente. "

(guardou o sr. Sousa o papelinho onde escreveu o seu belo e elegante discurso no bolso falso do fatinho Armani, e jurou que cumpria fielmente as funções que lhe eram confiadas).

Uma batelada de deficientes cívicos


Estamos numa crise  social profunda.

O sr. Sousa difundiu-se a ideia que temos de humanizar a sociedade em que vivemos ou seja, ser solidários com os deserdados da sorte. Tal como ele o é, e o "so called" Partido Xuxialista.
 
O ser solidário, é assim um chavão de significados vários como: bondade; clemência; compaixão; caridade e abnegação.

O desemprego, a pobreza, a violência, entre outros tantos problemas, reduz-se para o governo ao " controle do déficit" e distribuição de lugares pagos magistralmente entre amigos, deixando para a anónima "sociedade civil", a dimensão social dos problemas, que serão sempre olhados, isoladamente e individualmente .

A organização da sociedade e a distribuição de riqueza produzida, nada têm a ver com estes fenómenos, dizem todos em coro, do alto da sua sabedoria neoliberal.

Assim, verificado o grau de pobreza necessário, cataloga-se o pobre, num desses itens de exclusão, podendo este usufruir das migalhas excedentárias dadas com tanta solidariedade.

Os pobres, desqualificados e ignorantes, devem perceber e aceitar, de cara doce e alegre, essas migalhas como dádivas do céu. Todos fazemos sacrificios mas, uns mais que outros....

Aqueles que refilarem, ou forem muito exigentes, são os feios , porcos e maus. São maus pobres ...

Os bons pobrezinhos, alimentam-se, vestem-se e lavam-se, e passam a ser de estimação para esses solidários. Até são expostos, mediaticamente, nas festas de angariação de fundos transmitidas na TV.

Massifiquem o Banco Alimentar. De que estão à espera? Vão ver que ainda dá lucro com um gestor nomeado da privada...

20/10/09

Nota pessoal à laia de partilha


Considero um milagre, que o amor e a amizade ainda permaneçam, neste tempo de vertigem, onde nada frutifica nem floresce.

Quantas vezes me surpreendi, por me cruzar entre a multidão de pessoas que existem, com aquelas que, de alguma maneira, possuíam as tábuas do meu destino. (Nunca soube, nem sei, se os reconheci porque já os procurava ou se os procurava porque estavam perto dos confins do meu destino.) E são esses, que me são indispensáveis.

Partilharmo-nos com alguém, não é necessariamente uma continuação de momentos uniformes idílicos. Porém, tudo o que é bom nessas horas irá revelar-se de uma preciosidade única nas horas de infortúnio, que sempre existem.

E a Menina Idalina perdeu um amigo.

Porém, quando aqueles que nos dão segurança, através dos afectos, estão perto de nós, sentimo-nos bem, e ao partilhar a memória autobiografica (o passado e as recordações), evita-se o fecharmo-nos em ruminações. Aprendemos a lidar com a dor e a geri-la reconhecendo-a como fundamental na experiência comum ao ser humano. Chama-se a isto partilhar a nossa humanidade e é essa partilha que nos fortalece e nos une.

Com o tempo esta diluir-se-á, porque tudo se passa na nossa cabeça, e os afectos são os nossos melhores antidepressivos. Fica-nos a doce recordação e a saudade.

Geralmente a maior parte das pessoas foge de si próprios e do sentir. Duvida dos sentimentos, esconde as necessidades e tem vergonha da sua humanidade.

(Embora todos nós desejemos ser livres, ao mesmo tempo, há alguns (muitos) em vários sentidos comprometidos com a hipocrisia, com o poder, com o medo. Mais, desejam até o reconhecimento, que os condena à eterna procura da aprovação desse tipo de gente, e dessa forma dominante de gostar, que nega as verdadeiras necessidades do amor e aconchego.)

Para sermos realmente vivos temos de sentir, não podemos limitarmo-nos a reagir.

Por isto tudo tenho de parar uns dias.

Volto logo!

13/10/09

Porque todos somos memória

Desenho de Carlos

"Sim, É o Estado Novo"

Sim, é o estado novo, e o povo
Ouviu, leu e assentiu.
Sim, isto é um estado de coisas
Que nunca antes se viu.

Em tudo paira alegria 
E, de tão ínfima que é,
Como Deus na Teologia 
Ela existe em toda a parte 
E em parte alguma se vê.

Há estradas, e a grande estrada 
Que a tradição ao porvir 
Liga, branca e orçamentada. 
E vai onde ninguém parte 
Para onde ninguém quer ir. 

Há portos, e o porto-maca 
Onde vem doente o cais.
Sim, mas nunca ali atraca
O paquete "Portugal"
Pois tem calado demais.

Há esquadra... só um tolo o cala 
Que a inteligência, propícia
A achar, sabe que, se fala,
Desde logo encontra a esquadra
É uma esquadra de polícia.

Visão grande. Ódio à minúscula 
Nem para prová-lo tal 
Tem alguém que ficar triste:
União Nacional existe 
Mas não união nacional.

E o Império? Vasto caminho
Onde os que o poder despeja 
Conduzirão com carinho 
A civilização cristã
Que ninguém sabe o que seja. 

Com directrizes à arte
Reata-se a tradição,
E juntam-se Apolo e Marte 
No Teatro Nacional 
Que é onde era a inquisição.

E a fé dos nossos maiores?
Forma-a impoluta o consórcio
Entre os padres e os doutores.
Casados o Erro e a Fraude 
Já não pode haver divórcio.

Que a fé seja sempre viva.
Porque a esperança não é vã.
A fome corporativa 
É derrotismo. Alegria.
Hoje o almoço é amanhã.

Fernando Pessoa em 09 de Julho de 1935 

04/10/09

O Topo Giggio dos xuxialistas


O Manuel Alegre transformou-se no " Topo Giggio dos Xuxialistas". 

Ele dá recadinhos, ele impõe coligações, ele é o detentor do caminho marítimo do xuxialismo sócretino". Ele acha até que o Sousa ouve-o com toda a atenção. Pobre ilusão!

Quem te viu e quem te vê? Isto tudo para ser o novo PR. 

Resta apenas a tua poesia dos velhos tempos de resistência e a tom melodioso da tua voz. 

É a vida, como diria o teu colega Guterres!

03/10/09

Tudo é permitido!


O Tó e o Zé, apadrinhados pela Roseta e o Alegre, resolveram escrever aos trabalhadores da CML, informando que se ganharem a autarquia, irão ser aumentados em Novembro. 

Eis aqui o rigor das coligações xuxialistas no seu esplendor. Vale tudo por um votinho!  Melhor dizendo a promessinha está orçamentada em 3 milhões de euros. A carta enviada aos trabalhadores da CML justifica os aumentos com as "diversas condicionantes" que levaram a que estes funcionários não beneficiassem de qualquer progressão na carreira desde 2004.

Olhem lá, na Função Pública também os trabalhadores não tiveram progressão na carreira desde essa data .

Mas a polémica não fica por aqui. É que, se António Costa diz na carta que a "expressiva maioria" dos 10.416 trabalhadores irá beneficiar deste processo, o director de recursos humanos, Rui Mateus, disse ao jornalistas que estima que sejam "cerca de 8.700" os abrangidos.Já o Sindicato  "desmente categoricamente" estes números: "A nossa proposta era que fossem todos, mas aquela que foi aprovada  deve abranger só cerca de quatro mil trabalhadores".

Propaganda pura e dura para enganar incautos.  

Mas será que neste país está tudo doido?