02/10/08

Há notícias que são do melhor !

Li hoje no CM, 28 habitantes da freguesia de Ermelo, em Mondim de Basto, sentaram-se ontem no banco dos réus do Tribunal de Vila Real acusados de terem difamado a presidente do conselho directivo dos Baldios e actual presidente da Junta .

Até aqui, a coisa seria banal porém o jornalista explica que : "A maioria dos arguidos,são idosos que nem sabem a razão por ali estarem nem se lembram de ter assinado qualquer papel .

Mas continua o rigor : Na verdade, eram 33 os arguidos, mas quatro faleceram e um não vai assistir às sessões porque sofre de psicose esquizofrénica paranóica."

Aqui comecei a imaginar a situação . A coisa prometia . Quando chegou ao seguinte parágrafo não sabia se havia de rir ou chorar : "Ao quarto caso de surdez evidente, que dificultava a identificação dos arguidos – que não tinham a mínima ideia de que lhes estavam a perguntar o nome –, o juiz quis que estas dificuldades constassem da acta. E foi também com indisfarçável frustração que decidiu avançar com o início do julgamento, depois de frustrado um acordo entre as partes."

E acrescenta a notícia em discurso directo : "Não pensem que vou fazer papel ridículo", desabafou o juiz depois de mais um idoso, manifestamente surdo, acenar afirmativamente quando lhe perguntaram o nome.

Ó senhor jornalista eu percebo .... mas só tenho vontade de rir ... O que interessava nesta história é a insensibilidade da presidente da Junta em levar os idosos a tribunal . Se eles assinaram e não sabiam o quê e porquê, não valeria a pena uma acção de difamação . Bastava ao autarca ser transparente e colocar à disposição dos munícipes a informação que deitaria por terra os argumentos ditos difamatórios. Mais, como jornalista deveria tentar perceber quem manipulou os idosos e questionado a autarca das suas motivações ridículas.

Eu sei ... Eu sei ... que os nossos autarcas são muito sensíveis no que toca à difamação ....

Mas senhor jornalista, digo-lhe, esta sua peça é brilhante, na tradição do melhor jornalismo português .

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