Apesar de todas as mudanças que os últimos 30 anos trouxeram a Portugal, houve uma coisa, profunda e movediça, que parece ter-se mantido inalterável: a infatigável resistência à mudança, acompanhada sempre por uma obstinada necessidade de aparentar “progresso”, da sociedade portuguesa.
Veja-se a Expo 98, ou o Euro 2004, e perceba-se até que ponto estes acontecimentos exuberantes e ostensivos, que servem para demonstrar que os portugueses “também conseguem” organizar extraordinários eventos, são contemporâneos da insuperável incapacidade de sair do sub-desenvolvimento social e cultural crónico onde nos arrastamos há, ouso dizer, milhares de semanas.
Compare-se com o acontecimento-chave do Estado Novo, a Exposição do Mundo Português de 1940: salvaguardadas as devidas distâncias, o sintoma é o mesmo.
Já agora, prosseguindo a aritmética, multiplique-se o sintoma pelos inúmeros outros exemplos que quotidianamente saltam pelas janelas da informação como se fossem novidades escandalosas, do tipo “estudo da União Europeia revela que os portugueses vivem acima das suas possibilidades” ou “a população da Lagoa Seca acolheu em festa os novos submarinos da armada portuguesa”.
Por trás de uma enorme fachada de desenvolvimento tecnológico e social importado, as raízes de uma mentalidade do tipo feudal, baseada na predominância de algumas famílias e de toda uma horda de caciques, que se assumem como donos das instituições públicas e que alimentam um sistema de ascenção social e económica baseado em esquemas de favores em cadeia, continuam fortemente implantadas.
( J. P. Simões )
E eu concordo plenamente!
2 comentários:
mai' nada!
E duques .... E triques
Enviar um comentário